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By Ferramentas Blog

terça-feira, 11 de maio de 2010

História judia



Filmes com temática gay andam frequentes nas produções de diversos países

Por Leonardo Freitas




De uns anos para cá, a quantidade de filmes com temática gay cresceu consideravelmente. Falar do tema deixou de ser tabu, mesmo que as histórias tenham um cunho polêmico. Até mesmo o Brasil se aventurou em tratar do tema, como no decepcionante Do Começo Ao Fim (2009), de Aluísio Abranches. Longas como Delicada Relação (2002), que retrata o amor de dois militares israelenses, e Latter Days(2003), que mostra um mórmon que se descobre apaixonado por outro rapaz. Dessa vez, é lançado nos cinemas Pecado Da Carne, do diretor israelense Haim Tabakman, sobre o envolvimento de dois judeus ortodoxos.

No extremamente conservador bairro de Meah Shearim, na cidade de Jerusalém, vive Aaron Fleishman (Zohar Strauss), um açougueiro casado e pai de quatro filhos. Seguindo com o negócio da família após a morte do pai, sua vida será alterada após a chegada de Ezri (Ran Danker), um jovem estudante que pretende seguir a carreira de rabino e torna-se funcionário de Aaron.

Ezri, um homossexual que já estava na cidade para reencontrar um namorado, tem seu segredo descoberto por Aaron que, religioso, tenta provar para o rapaz que seu comportamento é pecaminoso e que ele deve seguir o caminho certo pregado pelo Torá, livro sagrado dos judeus. Porém, os outros companheiros da sinagoga veem na amizade dos dois uma chance que Ezri tem de tirar Aaron do "caminho do bem", pregado pelo conservadorismo.

Seguidos a todo o momento pelos moradores do bairro, ninguém é a favor da amizade e tal condenação torna Pecado da Carne um filme sufocante, quase claustrofóbico. Isso se deve, também, ao açougue que, desde o começo da amizade, se torna o reduto dos dois, desde os conflitos com outros judeus até os encontros amorosos de Aaron e Ezri. São os dois contra todos. Ninguém entende ou aprova tal "amizade". Cartazes e ameaças dos outros ortodoxos põem fim à paz de Aaron, que tacham Ezri de uma criatura do mal que usa sua sedução como arma para tirar as pessoas do caminho correto.

Em um mundo real, onde diversos países condenam a homossexualidade, vemos o fundamentalismo religioso do Irã, na qual o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad diz que não existem gays no país e que a homossexualidade é uma doença. Já na África, onde mais de trinta países consideram um crime ser gay e, um deles, Uganda está com um macabro projeto de lei que pode levar homossexuais à pena de morte. No Brasil, dono do título de maior Parada Gay do mundo, homossexuais ainda sofrem preconceito, agressões e falta de direitos civis. Poderíamos dizer que a diversidade em terras tupiniquins - tanto da fauna, flora, etnia, nacionalidade, entre outros - ajudou a criar espaço para a diversidade sexual, mas a coisa não funciona dessa maneira.

Exibido no 17º Festival Mix Brasil, Pecado da Carne mostra o inicial distanciamento e frieza de Aaron com o extrovertido Ezri, que vai levar poesia, beleza e paixão à vida monótona de Aaron, desencadeando em um romance intenso e proibido. Aliado a uma trilha intimista e com personagens fortes, o filme não mostra o lado contestador das regras. Ezri reconhece-se como gay, porém Aaron reconhece-se como pecador, mas resiste às suas tentações. E esse redemoinho de sentimentos dá um tom não só melancólico como intimista e angustiante.

De ritmo lento, Pecado da Carne traz beleza em certos momentos, mesmo com a cruciante situação de Aaron que, "aprisionado" pelos valores da família e da religião, tem na esposa Rivka (a atriz Tinkerbell), seu ponto central. Sempre desconfiada, a esposa mistura agonia, silêncio e submissão diante do comportamento do marido. Na história de amor de um homem que pode perder tudo e outro que não tem ninguém, o final ambíguo mostra o conflito do pecado da carne à purificação, misturando sangue, fome, desejo e satisfação.

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