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By Ferramentas Blog

sábado, 22 de maio de 2010

Líder gay baiano deixa PV por discordar de Marina Silva


Marcelo Cerqueira, líder gay baiano  Foto: GGB Imagem/Divulgação

Marcelo Cerqueira, líder gay baiano
Foto: GGB Imagem/Divulgação

DAVI LEMOS
Direto de Salvador

O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), o historiador e ativista Marcelo Cerqueira, anunciou que deixará o PV e deve ingressar no PT, depois de 10 anos de militância ao lado dos verdes. O ativista justificou sua saída pelo fato de a pré-candidata à presidência Marina Silva ser "dissimulada", segundo ele, e os verdes estarem se tornando um partido de "direita reacionária". Cerqueira, que é presidente do grupo desde 2007, aponta posições de Marina contra, por exemplo, o aborto, como questões-chave para a sua decisão.

O fato de a senadora também não apoiar a bandeira homossexual incomoda o ativista. "Nós não temos nenhuma declaração dela de apoio concreto à luta dos homossexuais. A declaração que tem é pejorativa, pois ela recusou a bandeira dada pelo companheiro (vereador) Sander Simaglio, do PV em Minas Gerais", disse.

Para Cerqueira, a religião da pré-candidata fortalece sua decisão. "Não dá para confiar. Na igreja em que ela comunga (Assembleia de Deus) tem o Silas Malafaia, que é um radical e um perseguidor dos homossexuais no Brasil inteiro", afirmou. "Não posso continuar com gente que convive com esse cidadão e certamente comunga dos mesmos ideais. Para mim, Marina é uma dissimulada", disse. Procurado pela reportagem do Terra, a assessoria do pastor informou que ele estava viajando.

O ativista contou que ainda não formalizou a posição no partido, mas garantiu que está tudo certo. Na Bahia, ele questiona também as posições do deputado federal Luiz Bassuma, dissidente do PT como Marina, e ferrenho opositor ao aborto. "Ele não é homofóbico de carteirinha, mas no Congresso Nacional se recusou a entrar na frente GLBT. Outros políticos na Bahia, considerados conservadores, entraram, mas ele se recusou", disse.

Fundador do PV baiano, o jornalista Augusto Queiroz viu a decisão de Cerqueira com tranquilidade. "Isso é normal, não tem problema. Os partidos vão se renovando", disse.

O ingresso no PT ainda não está definido, mas é quase certo que ele deve integrar a mesma corrente da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, a Reencantar o Brasil.

Foi no próprio PT que Cerqueira teve sua primeira experiência na política. Hoje, sem planos para disputar eleições deste ano, ele revela querer se lançar vereador por Lauro de Freitas em 2012. "Quero ser vereador em Lauro de Freitas, morar em Buraquinho, ir para a Câmara de bicicleta, trabalhar para preservar cada vez mais o meio ambiente, também na região metropolitana (de Salvador)", disse.

Críticas
O deputado federal Luiz Bassuma (PV), pré-candidato ao governo estadual baiano, disse que ser contra os homossexuais é uma pecha que Cerqueira e Juca Ferreira, ministro da Cultura, tentam colocar nele. "Isso é mentira. Não sou contra os homossexuais, mas não entrei na frente parlamentar que ele falou porque não sou hipócrita, não sou falso. Não entraria numa frente de cuja causa não sou militante. Sou presidente da frente parlamentar pela vida", declarou Bassuma.

Hoje ele comemorou uma vitória na Câmara Federal, que foi a aprovação do Estatuto do Nascituro, cujo projeto é dele. "Após sete anos, conseguimos aprovar o projeto que defende os direitos da pessoa humana não nascida", disse o deputado.

Quanto as críticas à religião dele e de Marina Silva, o parlamentar, que é espírita, declarou: "Não sou como a Dilma Roussef, que cada dia diz que é uma coisa". Quanto ao que o presidente do GGB apontou como retrocesso, a luta contra o aborto, ele afirma ser um avanço. "As pessoas têm que ter firmeza e clareza em suas posições e pagar o preço por elas", comentou.

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